S. João II
Sobre o post anterior, queria acrescentar uma ou duas coisas.
Gostaria de acreditar nisto: a diferença entre o São João do Porto e as marchas populares de Lisboa, é que o primeiro resulta verdadeiramente de tradições antigas, pagãs e genuinamente populares, enquanto as segundas foram invenção do António Ferro, propagandista do Salazar, para entreter as massas urbanas.
E gostaria de acreditar nisso porque sou do Porto.
Uma das coisas que mais me faz pensar que tenho razão é o carácter absolutamente desorganizado e aparentemente sem sentido do São João do Porto. Pura e simplesmente, as pessoas vêm para a rua a festejar, sem qualquer directiva: elas são a festa, não vão ver a festa. Não é preciso polícia, nada, nem ninguém a comandar.
[Desisti por exemplo de ir à passagem de ano em Bruxelas, porque há sempre traulitada.]
Haverá um teste a tentar: qual a percentagem de Carneiros e Peixes (signos) no Porto? Apostaria que é superior à do resto do país.
9 Comments:
No Porto são mais bois (zodíaco chinês).
O São João daqui, só difere do Porto porque aqui é inverno.
Ora essa, a da percentagem!
Que têm os signos a ver com o resto??
o 2º anónimo assina ( porque não gosto de anonimatos!)
mariagomes
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Ah! está bem, pois, pois.
mariagomes
É provável que tudo isto não passe de uma argumentação sofisticada de quem leu muito e mais observa. Tu, no São João do Porto, és festa, ou vais ver a festa? E se és festa, como é que podes pensar tanto nela?
Idem, em Lisboa. É provável que as invenções do A. Ferro se tenham desvanecido e que os lisboetas que são festa não vejam polícias, mas chamas, nem barreiras, mas cursos de água.
Ora!...
Devo acrescentar, apesar de tudo, que estas invenções do Estado Novo me enojam; e outras, tantas, como a dos ranchinhos populares que apareceram - vindos do éter - em regiões onde essas tradições não existiam. De qualquer maneira, a pré-existência de "tradições antigas, pagãs e genuinamente populares" a que te referes, falando do Porto, para depois mencionares as invenções do Ferro para as "massas urbanas" (onde te referias a Lisboa), também não serve mais para caracterizar uma cidade cujas ligações à terra são praticamente inexistentes.
E a questão é essa, ou não?
É que flutua no ar um odor de deuses com pés de barro...
E não esquecer o S. João de Braga, o S. João da Talha, S. João de Lampas, S. João do Estoril; o João Ratão e os outros santos, e a Costa da Caparica, e o Santo The Saint, os santos da casa, Santos Dumont, e todos aqules que estão na calha para santos. Amem.
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