7.7.05

Em Londres como no Iraque

Tão assustadora como os ataques terroristas é a ideologia que está por trás deles. As declarações de Al Zarqui no Iraque, ontem, ferem como bombas as consciências humanas: o embaixador egípcio teria de ser morto porque é «apóstata», «aliado de judeus e cristãos». Logo, para os ideólogos do terror, ser apóstata, judeu e cristão já é ser não-humano, logo, não ser respeitado sequer como adversário ou inimigo. Quando Blair diz, sobre os bombistas de Londres, que «estas pessoas não respeitam a vida humana», além de ter razão, está nos antípodas da ideologia profundamente fascista que move os terroristas, já que ainda os considera como «pessoas». Pobre Iraque, que tem como opositores mais activos da ocupação apenas estes fascistas.

Filipe Guerra

25 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito bem, Filipe Guerra, confrade vertical!
Apoio completamente o que diz. O terrorismo islâmico é de facto vampírico.
Quem tiver ouvidos que ouça e principalmente escute, quem tiver olhos não os feche e veja por fora e por dentro.

3:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Num dia de luto para a humanidade (mais um), não é possivel, infelizmente, atribuir motivos «políticos» válidos a este acto de barbárie. Por isso não falei da discordância propriamente política que tenho relativamente à invasão e ocupação do Iraque e da perpetuação da guerra neste país.

6:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Depois do horror e do choque, fico impressionada pela falta de pregmatismo do ataque. Parece-me absurdo não ter sido feito antes do anúncio do Comité Olímpico. Parece assim ainda mais um puro acto de vingança irracional, a (mal)dita lei de Talião.Sem qualquer sentido. Até me veio à ideia a ficção do J G Ballard. A violência inexplicável.

6:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pois eu não! Nada justifica a barbárie que estes atentados são, de pura brutalidade despoletada pelo fanatismo e o o obscurantismo "religioso".
E são fascistas sim! O fascismo verde, Manel. Ainda que nos enredemos em especiosas distinções.
Mais que fascistas - nazis conceptuais. No fundo: fanáticos pobres manipulados por califas endinheirados. Que ainda conseguem ser mais repelentes do que os do ocidente.
Nunca me curvarei à barbárie, com ou sem filosofias. É pouco - mas faço-o.Ainda que modestamente.
E peço às pessoas de bem que tal como eu o façam. Sem medo, sem temor de quaisquer eventuais chantagens ou brutalidades.
Contra este tipo de pessoas só uma resposta: resistir. resistir sempre de cabeça levantada e discurso alto, claro, insofismável.

7:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manuel Resende diz que os terroristas da al-qaeda não são fascistas. Mas essa distinção é mau-grado a sua bondade uma atitude de desculpabilização disfarçada de rigor. Se não são fascistas fazem bem as vezes. E isso é, em rigor, fascismo.
E o pior de todos: o que se disfarça de religiosidade.
O combate à al-qaeda pode estar mal feito - isso não rasura o facto de esta ser uma organização criminosa e cripto-fascista.
Este discurso, embora seja fruto evidente duma obsessão anti-ocidental clara (ocidente sinónimo de capitalismo, sinónimo
de imoralidade) não deixa de ser uma subreptícia compreensão dos métodos destes criminosos.
Como Manuel Resende é uma pessoa decente, o que se nota até quando verbera ou insulta os outros (há nele sempre uma quase comovente doçura de maneiras), só tenho de lamentar que o desespero o tenha levado até este ponto de dor.

7:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para Manuel. Eu não disse que esta corrente terrorista era a única a resistir à ocupação, disse que era a mais activa, e a que lidera o processo (isso digo agora). Insisto que tem uma ideologia fascista porque: tem o culto da morte como leit motiv; quem não é por eles é contra eles: tanto matam americanos como os irmãos árabes; não aceitam qualquer forma de democracia; não lhes interessa lutar pela unidade do povo com vista à resistência, mas criar cizânias entre o povo iraquiano para «desestabilizar» e impor o seu terror e domínio; fazem parte de uma internacional fascista, com sede na Arábia Saudita (não é por acaso que certos tentáculos deste polvo são «tolerados» pelos USA, como os árabes que controlam a chamada guerrilha tchetchena). Depois, Manel, põe os olhos nos talibans do Afeganistão e vê o que espera o Iraque se os Bin Laden tomarem o poder no Iraque. Dizer isto é preciso, e não significa apoiar os USA e os ingleses.

8:36 da tarde  
Blogger A. Pedro Ribeiro said...

A Al Qaeda é fascista, mas Blair também o é (quantos inocentes à sua conta e do amigo Bush não morreram já no Iraque?)

9:51 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manel, compreendo as tuas razões mas repara: o fascismo não é uma questão de filosofia enquadrada. É uma questão de procedimento tipificado. Assim, convencionou-se chamar fascista não aos que vistam camisa negra ou se congreguem em fascios mas aos que tenham um procedimento similar. É uma questão de inflexão no século que transbordou para o léxico. Nesta conformidade, o ditador sul-americano Rosas era um fascista avant la lettre, bem como o Madhi também o era.
Assente este ponto, vamos a outro: é ingenuidade pensar-se que a acção de Bush, Blair ou outros que os precederam determinaram a mentalidade terrorista islâmica. Bem se importam eles com isso!
Como deixei talvez esclarecido na comunicação que apresentei ao Simpósio sobre pensamento libertário, em que tive o prazer de participar em 86 com o Cesariny, em Portland ("As três religiões e as quatro faces do dado", e desculpa se me cito "O islamismo histórico é uma religião de combate. Os sufi e os reinos cultos do Al-Andalus são apenas acidentes de percurso para o cerne dos seguidores puros e duros de Mahoma".
Os povos islamitas vivem sob o jugo social de principes que são, de igual modo, os "comendadores dos crentes". Não foi o ocidente que determinou a sua sujeição, foi a "religião" que os une como ferro. O fundamentalismo é tão-só uma face desse dado. Não será difícil que tu, um ateu consciente, perceba isto. Ou será que, por razões exógenas, temos de aturar os mullahs depois de durante séculos termos combatido o obscurantismo pseudo-cristão?
O problema não é, como tu dizes sem se calhar veres a enormidade do que disseste, que eles ataquem "os mais indefesos". Não! O problema reside em o terrorismo lhes ser razão intrínseca, ser um aspecto modal do islamismo.
Soares, tempos atrás, perguntou duma forma que não é ingénua porque ele não o é (é apenas um leviano sedutor e brilhante, como se demonstrou bastas vezes): "temos de ver o que eles querem". Pois o que eles querem é o que a História - e Salman Rushdie colocou o dedo na ferida - já nos mostrou e continuará a mostrar: supremacia absoluta do credo islâmico, seja através do método suave que o Corão preconiza - "se aderirem terão todos os direitos, se não serão obrigados" - ou, mais brutal, do principe ben Laden: "Morte aos cães cristãos onde quer que se encontrem".
O problema é mais grave do que aquilo que a tua mansuetude protestadora pensa: a questão não está em se recusar o choque de civilizações; a questão está em que o que existe é sim um choque conceptual entre maneiras de organizar o misticismo.Ou seja, choque mortal e incontornável.
São eles que estão a levar os "cães cristãos" para uma guerra absoluta em que os Bushs e os seus apaniguados são apenas um detalhe.
Para a guerra total que se está desenrolando, Manel, não te chegam as correctas noções de um conflito capitalismo-proletariado analisado na vulgata marxista ou assim dita.
É algo de muito mais profundo, que entronca no imaginário em que vivem sob condições essas sim analisáveis mediante os textos do Karl oitocentista.
O que não é suficiente. Com o tempo o verás.
As demais pessoas acho que cada vez mais e melhor o vêem.

12:14 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

No que respeita à frase de Jean Clair, resta perguntar: a que surrealismo se referia ele? É que - e desde 99, altura em que estive em Paris com Michel Lowy e a Dominique e o grupo surrealista, no Café do Rivoli falando nesses aspectos, tal coisa se vem discutindo - é absolutamente real que houve duas correntes, ou grupos, no surrealismo: uma que teve complacências para com os aspectos "menos bárbaros" do estalinismo (andavam todos distraídos...), que apoiou a repressão castrista contra pessoas que nada tinham a ver com as direitas (lembras-te, ou já te esqueceste, do caso Padilla como diversos outros?)e que no fundo queriam uma arte orientada; outra que recusa tanto a exploração capitalista como a "marxista" ou de qualquer outra confissão, que se bate por uma arte livre e auto-determinada.
E é verdade, sim, que certos "surrealistas" de dantes criaram um tipo de mentalidade que "compreende" a al-qaeda. Mais - que no fundo espera que ela destrua o mundo que eles odeiam, não porque visem outro melhor mas porque esperam que ela os "vingue" da implosão dos caciques de leste.
Creio que sabes que esses "surrealistas" encontrarão sempre pela frente pessoas como eu, como outros mais que não refiro porque eles sabem falar.
Não tens dúvidas que é por essa determinação que certos "operadores intelectuais" tentam rasurar e obscurecer o surrealismo em que me enquadro. Ou seja, tentam tapar o sol com uma peneira. Tentam desescrever a História, pequena ou grande, que esse surrealismo certifica. Como se tal fôsse possível...
Ninguém te quer obrigar a manger esse pain. Tu é que estás a encher a boca de papossêcos envenenados por uma questão de inflexão própria.
Não me glorio com isso. Nem te quero qualquer mal, evidentemente, cada um é senhor das suas opiniões.
Mas contraponho-as, claro. Fraternalmente, apesar de se calhar te estares rentando para isso.

1:01 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Comove-me a sua postura, Nicolau. Ainda bem, e obrigada pela sua informação esclarecida.
Tecnicamente, eu não sei se eles são fascistas (tendo a concordar com o Nicolau, na questão do complexo lexical).
Mas há uma certeza técnica que eu gostava de ter antes de avançar com teorias: se foram mesmo eles. Porque suspeito que o terrorismo hoje não vem só do Islão. O mal menor era se o terrorismo, apesar de tudo, pudesse ser articulável, como o Nicolau o faz. E eu não sei.
Beijos para vós.

1:33 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Esqueci-me de me identificar no post anterior.

1:34 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nem terroristas islamistas nem capitalistas!

2:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Dizem-me ~embora eu ainda não tenha conseguido ouvir esta parte nas notícias - que o atentado foi reclamado pelo "braço europeu da AlQaeda". Fui treinada em linguística para atentar nas implicações do modo como as entidades se auto-representam. Mas não entendo esta. Explica-me, Nicolau, porque é que o fundamentalismo islâmico há-de querer delegar / diluir / dilatar (?) as suas responsabilidades num "braço europeu", explicitamente assim designado (porque não era preciso, todos sabemos que eles cá estão)?
Mas se calhar sou eu agora a ficar paranóica.

2:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Está bem, M. Resende e outros, retiro o «fascismo» e a «internacional fascista», já que tendes tantos escrúpulos geográficos, históricos, linguísticos e gostais da palavrinha certa. Retiro então o fascismo e substituo-o por uma merda sem nome, bem pior que o fascismo, e direi, já agora, que Pinochet não era fascista, não senhor, era uma merda sem nome ainda bem pior. E o Stálin também. E acrescento que estes dois, assim como o Bush, o Blair, o Che Guevara, a Madre Teresa de Calcutá e o poeta Rimbaud, p. ex., são produtos perfeitos da civilização ocidental. E os integristas islâmicos também são isso que não é fascismo, e que não é por sermos anti-ocidentais, e eles também, que os devamos desculpabilizar subliminarmente (defendê-los atacando-os, atacá-los defendendo-os). A propósito, Manel: anti-ocidental uma ova! Não há coisa mais civilizaçãozinha ocidental do que o anti-ocidental do Ocidente. Isto daria pano para mangas mas fica para outra vez. Penso que, e tentei dizê-lo, as bases ideológicas do terrorismo assentam, segundo as palavras e os actos dos próprios terroristas, na dstruição pura sem ter em vista qualquer renovação a não ser no céu (o factor religioso bem aproveitadinho, e lá vêm de novo os taliban à baila); daqui decorre o culto da morte redentora e criadora, da desvalorização da vida humana. Ainda por cima, como acontece sempre com a abstracção religiosa, é tudo muito hipócrita: quando têm de organizar o poder e a vida dos homens, estes inomináveis são muito terra a terra: ferozmente conservadores, esclavagistas, rebaixadores da condição das mulheres à de cadelas, castradores de todas as liberdades e de toda a cultura. Embora a civilização ocidental tenha provado que não tem autoridade moral nem «civilizacional» para os condenar, não é razão para que nós, como homens e amantes da vida, não os condenemos.

9:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

O que se passa, Margarida, pode encarar-se de duas formas:
1. O léxico utilizado pelas cadeias de informação. Neste caso, não posso garantir que não seja uma questão de discurso noticioso. Porque, como se sabe, há muita ignorância interior em operadores dessa área (basta atentar-se no que se passa nas agências portuguesas, onde os dislates são uma constante).
2. Tal designação é fruto do comunicado dimanado da fonte terrorista.
Neste caso, de duas uma: ou existe uma intenção propositada (aquilo a que em contra-informação se chama "exploração de meios"), e essa fonte busca estabelecer uma ideia em quem ouve (o que se chama "implantação de factos"), ou tal é feito por impreparação, incapacidade do discurso, laxismo discursivo (o que frequentemente sucede por haver grupos rivais em potência).
3. Ou a designação parte de uma razão intrínseca: já se alargou, nomeadamente a sectores locais (islâmicos ou não)a independência de acção. Neste último caso, os comunicados que se difundam fazem parte não só duma táctica como também de uma estratégia daquilo a que se chama "ondas sucessivas de alargamento".

Por último, resta dizer que não se pense que os dirigentes terroristas são fanáticos primários. São-no mas secundários: não é por acaso que os dirigentes médios são praticamente todos formados universitariamente e altamente preparados.
A meu ver, o ocidente democrático é apenas uma etapa. A seguir será a China, se antes não forem parados.
A questão é pois duma luta global. E só a ignorância dos chefes ocidentais, durante anos habituados a tripudiar sobre os povos, forneceu tantas possibilidades ao terrorismo.
Creio que os dirigentes ocidentais terão de repensar a forma de se relacionarem com o seu povo, com a natureza, com o mundo quotidiano. Se continuarem separados dos interesses das pessoas comuns, o terrorismo islâmico (que é um terrorismo diferente dos que se conheciam, pelo menos pelas pessoas que não tinham uma formação simbolista) ganhará, porque como referiu o especialista em contra-terrorismo (e herói da Resistência) Jacques Bergier, "o pensar-se que o terrorismo sempre perde é o princípio da derrota de quem o enfrenta".
O problema para nós, habitantes deste mundo ocidental, é que há dirigentes dos organismos de inteligência que são muito medíocres, por desconhecerem estes factos (deformação tecnocrática).
Saudações firmes para si!

10:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Houve uma coisa que me passou no comentário dirigido à Margarida. Esqueci-me de dizer: nada há de comum entre o terrorismo de um IRA (que assenta em razões de estratégia política) ou uma ETA e, pelo outra parte, o terrorismo islâmico. Pode, inclusivé, haver objectivos comuns pontuais (destruição da sociedade democrática, nas suas diferentes expressões). No entanto, no fim, os terroristas islâmicos destruiriam os do IRA, a ETA, etc.
O que o terrorismo islâmico visa não é o domínio do mundo "material", digamos - isso é só uma via para algo mais alto: o domínio do mundo trans-material (projectam-se no Além, fruto de todas as benesses - o paraíso de Alá). Por isso é que é um erro os dirigentes ocidentais pensarem que os aplacam fornecendo melhor qualidade de vida ou bem-estar a um fanatizado islâmico. Ben Laden não procura ser o califa por questões terrenas; o que visa é o poder para se doar tudo a Alá.
Colocaram-se, portanto, do lado da morte mais intensa, que é o apagamento ante um local e um ser supremo duma religião revelada.
Foi nessa perspectiva - e só nessa - que simbolicamente lhe chamei "terrorismo vampírico".
Aproveito a oportunidade, ao verificar que Bom Selvagem está em linha, para lhe agradecer as palavras amáveis que dirige aos meus quadros num comentário que tive ensejo de ontem ler, ainda que posto já dias atrás.
Conto colocar a seu tempo um pequeno textinho sobre a questão da abstracção, duma forma terra-a-terra que talvez tenha algum interesse: relatar como procedo para efectuar esses quadros. Talvez daí surja algum dado adequado para bem se olhar a questão da pintura abstracta.

11:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Agradeço, Nicolau, o cuidado a que se deu nas suas respostas. Cá espero a mise au point da abstracção.
Quanto ao resto, tenho estado a navegar avidamente pelos canais noticiosos da Net e... bem, ainda não sei.
Vocês pelos vistos não vêem motivos para se questionarem.
Se calhar sou só eu a ser preciosista, para ganhar tempo, porque sinceramente, mesmo que seja como o Nicolau diz, não vejo como se responda a isto.
Não se pode impor a democracia. Ou pode?

12:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não, Margarida, não pode. E ainda bem, porque senão deixaria de o ser.
Mas pode defender-se - integerrimamente, sem cedências ante as palavras e os actos doces ou duros que a queiram pôr em causa. Como se fez ante Hitler. Ante Stalin e ante os salazares de diversa extracção.
Num plano simbólico, como no romance de Bram Stoker se fez ante o conde sanguinário: não colocar o pescoço a jeito com o pretexto de que ele só atacava porque o queriam exterminar...
A questão é que o fundamentalismo sempre esteve presente em grupos islâmicos. Não se tinham é reunido as condições de ataque (o misticismo e as tecnologias modernas destes "engenheiros de almas" - com ironia o digo...).
E é evidente que não prevalecerão. Como Hitler e os outros.

12:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este Saião sabe muito destes temas. Será um bufo?

1:37 da tarde  
Blogger Rui Manuel Amaral said...

"Ou será que, por razões exógenas, temos de aturar os mullahs depois de durante séculos termos combatido o obscurantismo pseudo-cristão?"

Inteiramente de acordo, Nicolau.

3:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para o Anonymous:
Eheh, boa piada! Bufo? Bem gostava de o ter sido, encheria se calhar a bolsa! Mas não me desentranhei, agora nicles. Já não vou a tempo, tanto mais que já estou(suspiro de satisfação) aposentado.
Mas uma informação: entre a malta das "secretas" nunca se utilizou a expressão "bufo", nem mesmo agente ou operacional, isso é das fitas. A expressão correcta é "operador". Ou seja, a malta da "capa e espada" é formada por "operadores". É mais decente.
Mais, como dizer? civilizado.
De maneira que inda tentarei, se as ocupações literárias mo consentirem, ser operador sei lá de uma "mão negra", de um "grupo das rãs", como no Edgar Wallace.
Um romântico eu? Um sedento de aventura em estilo Karl May? Pois bem, sim. Confesso. E já comecei a preparar os códigos secretos, os filtros indetectáveis...
Ou talvez me dedique à alquimia - uma classe de pessoas que (para quem não o saiba) ultimamente começou a ser muito vigiada pelos manos do SDECE, da Quinta Repartição...
Ah! o que nós vamos todos gozar com essas peripécias!
Mande sempre, Anonymous. Alegre-me o quotidiano demasiado remansoso...

5:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não tive paciência para ler, na totalidade a cx dos comentários, Mas ao longo da maior parte de tão clarividentes análises, faltou a reiteração indispensável de que se está a falar de elementos díspares:
Regimes Laicos
Regimos Teocráticos.

Os democráticos ocidentais, até já por lá passaram. Lembram-se do Henrique VIII (o das 8 senhoras...) e de outros poderes divinos? E daquele rapaz Afonso que esteve à espera da bula do papa para tomar conta disto?E já nem quiero falar das sanguinolentas cruzadas, das reconquistas cristãs, etc.
Não se pode transportar ad libitum os nossos conceitos culturais para realidades civilizacionais totalmente diferentes. Marxismos e racionalismos nada têm a ver com teocracias de Estado, delegados tribais, conselhos de anciãos, burkas, excisões de clitóris, etc, etc
A vingança é uma atitude nobre e legítima para essas culturas.
Quem não perceber isto não percebe as bombas. E os políticos ocidentais tão informados e democratas têm toda a "intelegentsia" antropológica e todos os serviços secretos ao seu dispôr para se informarem. Têm que aparecer políticos capazes, no Ocidente, que com planos inteligentes e sagazes enfraqueçam o conflito, o que infelizmente não se tem verificado.
TA

6:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Creio que, entre outras coisas, TA está mal informado. O tal rei inglês não liquidou 8 senhoras - ainda há dois dias isso era rebatido com absoluta verdade numa revista de história internacional.
No que diz respeito a reconquista cristã, sublinho esse ponto, precisamente: reconquista. Porque foram os islamitas que nos invadiram, não fomos nós a eles.
E as cruzadas foram de facto uma bestialidade - porque as bestas dum lado são iguais às outras, trata-se de bestas místicas: os fanáticos de um lado são tão bárbaros como os do outro, isso é pacífico.
Quanto à sua indisfarçàvelmente sobranceira lição, fazendo a separação entre uns estados e outros, estamos conversados: o que subjaz a qualquer deles é a crença na razão que lhes assiste de limparem os comuns mortais se não aceitarem a canga que lhes oferecem.
E no que diz parte à "explicação" de que a vingança é um valor de determinados povos, respondo-lhe assim: entre os espanhóis do Novo Mundo também era um acto respeitável matar índios a granel para "hacer la gracia". E o lançamento de anões e a perseguição à raposa, bem como a vendetta entre os corsos também é uma coisa de muito louvar.
E deixe que lhe diga que a sua "compreensão" dos atentados islâmicos, como uma das facetas da honra ultrajada, merecia o prémio nobel da desfaçatez.
E fique sabendo que percebemos muito bem isto das bombas, pese embora à sua sobranceria perfeitamente risível.
Você é homem ou mulher, já agora? Se é mulher, então acho que ficaria muito feliz por lhe excisarem o clítoris. Afinal, trata-se apenas de uma característica cultural, não é assim?
Ora se você fôsse um pouco menos soberbo!

7:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não gosto de agressividades básicas e ainda menos de delírios de indignação cega.
É óbvio que a minha referência ao rei inglês, se referia à assunção pela parte do poder real das funções de sumo-sacerdote, o que aliás deu origem à religião anglicana. As anedotas de cadafalso não eram, propriamente o ponto.
Quanto às mutilações, são assunto demasiado sério para "boutades" baratas.
Também me referi a "Racionalismo" no sentido kantiano. E já agora nunca lhe explicaram que "compreender" não é aprovar? E que é a maneira mais eficaz de neutralizar o adversário?
Aconselho leituras sérias e credíveis.
E o meu turismo AQUI, acaba agora.

8:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Digo, apenas, que este texto do turista acidental é a atitude típica de um pedante que, pensando que isto aqui era um couto para brilharetes de semi-intelectual, veio com idéias atabalhoadas e, estomagado pelo raspanete, se pôs na alheta com um esgar pseudo-aristocrático.
Quanto ao resto, há que dizer: todos os crimes e abusos dos fanáticos duma civilização a estrebuchar não são para se olharem de ânimo leve. Se ele chama a isto atitude básica, perímetro de boutade - então ainda é mais incapaz filosoficamente do que parecia quando resolveu perorar. Fazer farol à custa de gente assassinada.
E não vou seguir a sugaetão de leituras sérias e credíveis como diz este senhor com voz de papo. Nem sequer, para ser mais exacto, lhe vou agradecer - porque o seu conselho é tão-só um acto cínico que subjaz a um sobranceiro que se sentiu espadeirado.
Quanto a boutades, nem vale a pena escavar na frase: é um trejeito de pessoa com pouco arcaboiço e nada mais.
Mas isso não seria grave se não tivesse como entorno um caso esse sim grave em que gente desapareceu para sempre.
Mas para pedantes deste calibre, pelos vistos está sempre em primeiro lugar a finta kantiana (qualquer que esse tipo seja, porque de facto nunca ninguém me disse quem era e nunca tive ensejo de o ler, como este turista das letras diz com amorável graça).
Não dou para essa festarola. E fico satisfeito em ter percebido que a sua debandada deste lugar é um índice de que a vergonha e o pudor não o abandonaram: vai-se embora e faz muito bem, é melhor do que vir aqui fazer figuras tristes.
O que todavia me não consola, não sou um pequeno sádico à guisa desses que vêm as excisões apenas como detalhes "de entendimento". Cultural? Ora, ora...

10:34 da tarde  

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