Nem o "consolo" de saber que algumas pessoas que nunca pegaram num livro vão ler alguma coisa, me chega. Não é pela banalização que lá vamos, mas tudo bem, "é disto que o meu povo gosta". Pessoalmente, não sei se ria, se chora, mas pelo menos lamento-me, lamento-nos e lamento este pobre, pobre país...
Ricardo Paseyro di-lo bastante bem: "Os ditadores gostam que as pessoas leiam, pelo menos saibam ler, para lhes lerem a propaganda". Nesta democracia tendencial, há que fazer de maneira lúcida, como o grande poeta, "O elogio do analfabetismo". Para se lerem Sabrosas e outras aves, é melhor não ler. Mais puro, mais salutar. Como diria o chefe Cavalo Louco:"O curandeiro branco deu-me folhas para eu conhecer o deus dele. Deitei as folhas para o rio e disse ao Grande Mistério que levasse as folhas para o grande rio sem margens"!
Eu não tenho nada contra os livros do Sabrosa e das amigas da Lili Caneças. Cada um lê o que quiser. Só achei piada ao facto de o jornal incluir o livro do Sabrosa na secção de "literatura".
Quer-se dizer, se calhar o jornal estava a tentar uma nova figura de estilo. A inventar um novo género literário. A poesia está em toda a parte, não é verdade?
E se o Simão Sabrosa fosse melhor escritor do que jogador? Mais rápido é, de certeza, vista a velocidade com que põe um livro cá fora (às tantas foi escrito por um grupo de escritores e jornalistas anónimos desempregados! Um gancho, pronto!, não falta quem alinhe, principalmente se forem benfiquistas).
Sim, Filipe. Provavelmente, o Sabrosa ainda nem leu o seu próprio livro. Mas isto tem piada. Esta ideia de que os livros se fazem sem intervenção do seu autor... tudo isto é literatura.
Ainda há dias o Pedro Mexia escrevia que há gente de "fora" q escreve melhor q muita gente de "dentro". E depois, literatura pode referir-se a tudo o q tenha letras (cf., p. ex. "literatura inclusa" nas caixas de medicamentos). Já agora, para F. Guerra: atendendo ao contexto, o mais 'correcto' será "Um gancho, prontos!"
Tem um bom título, se tiver uma capa a condizer, vende que nem ginjas. O miolo também está garantido: diz Simão Sabrosa pelo menos umas 20 vezes em intervalos regulares e futebol umas 536. É um best seller. Boa aposta e vai a tempo do Natal.
Seus marotos! Todos intelectuais, mas aparece uma figura mediática comó Sabrosa e toca de ferrar quilos de comentários! Poi'não, o que vocês gostam é de bola embora não o digam,vejam lá se vocês põem comentários nas notícias da música do Pombo, mesmo sendo tão argutas. Vá, deixem-se cair sem complexos no que vos agrada mesmo. E que se foda a literatura, isso já deu o que tinha a dar,venham mas é de lá as memórias do Pinto da Costa, tá-me a apetecer rebolanice!
13 Comments:
Nem o "consolo" de saber que algumas pessoas que nunca pegaram num livro vão ler alguma coisa, me chega. Não é pela banalização que lá vamos, mas tudo bem, "é disto que o meu povo gosta".
Pessoalmente, não sei se ria, se chora, mas pelo menos lamento-me, lamento-nos e lamento este pobre, pobre país...
Ricardo Paseyro di-lo bastante bem: "Os ditadores gostam que as pessoas leiam, pelo menos saibam ler, para lhes lerem a propaganda".
Nesta democracia tendencial, há que fazer de maneira lúcida, como o grande poeta, "O elogio do analfabetismo". Para se lerem Sabrosas e outras aves, é melhor não ler. Mais puro, mais salutar.
Como diria o chefe Cavalo Louco:"O curandeiro branco deu-me folhas para eu conhecer o deus dele. Deitei as folhas para o rio e disse ao Grande Mistério que levasse as folhas para o grande rio sem margens"!
Eu não tenho nada contra os livros do Sabrosa e das amigas da Lili Caneças. Cada um lê o que quiser. Só achei piada ao facto de o jornal incluir o livro do Sabrosa na secção de "literatura".
Quer-se dizer, se calhar o jornal estava a tentar uma nova figura de estilo. A inventar um novo género literário. A poesia está em toda a parte, não é verdade?
E se o Simão Sabrosa fosse melhor escritor do que jogador? Mais rápido é, de certeza, vista a velocidade com que põe um livro cá fora (às tantas foi escrito por um grupo de escritores e jornalistas anónimos desempregados! Um gancho, pronto!, não falta quem alinhe, principalmente se forem benfiquistas).
Sim, Filipe. Provavelmente, o Sabrosa ainda nem leu o seu próprio livro. Mas isto tem piada. Esta ideia de que os livros se fazem sem intervenção do seu autor... tudo isto é literatura.
Ainda há dias o Pedro Mexia escrevia que há gente de "fora" q escreve melhor q muita gente de "dentro".
E depois, literatura pode referir-se a tudo o q tenha letras (cf., p. ex. "literatura inclusa" nas caixas de medicamentos).
Já agora, para F. Guerra: atendendo ao contexto, o mais 'correcto' será "Um gancho, prontos!"
Tem um bom título, se tiver uma capa a condizer, vende que nem ginjas. O miolo também está garantido: diz Simão Sabrosa pelo menos umas 20 vezes em intervalos regulares e futebol umas 536. É um best seller. Boa aposta e vai a tempo do Natal.
Se é do Simão, de certeza que é bão. Um forte candidato ao prémio de ensaio do PEN.
isto é o que chama dar um pontapé à literatura!
( ups, desculpem)
... o que se chama...
mariagomes
Seus marotos! Todos intelectuais, mas aparece uma figura mediática comó Sabrosa e toca de ferrar quilos de comentários!
Poi'não, o que vocês gostam é de bola embora não o digam,vejam lá se vocês põem comentários nas notícias da música do Pombo, mesmo sendo tão argutas.
Vá, deixem-se cair sem complexos no que vos agrada mesmo. E que se foda a literatura, isso já deu o que tinha a dar,venham mas é de lá as memórias do Pinto da Costa, tá-me a apetecer rebolanice!
Vamos a isso. Que se foda a literaturazinha. Vamos lambuzar-nos com o que vale a pena. Cá por mim vou devorar Gógol e Dostoiévski.
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