16.5.05

Sete palmos de terra e muitos cigarros

"No dia 5 de maio de 1994, no Salão Nobre da Assembléia Legislativa gaúcha, um velório entrava, em definitivo, para a crônica dos insólitos afetivos: cada um dos milhares que vinham se despedir do finado depositava um cigarro no caixão. Muitos fumantes, que a madrugada pegou sem munição para o vício, serviram-se do tabaco fúnebre, que já abafava as flores. Ninguém se importou muito com o fato, já que o morto sempre olhou com desconfiança para quem não fumava. O poeta Mario Quintana deixava a vida no grande estilo de sempre: cercado por uma aura de deboche e folclore - o mesmo folclore que fez sombra em sua obra, naquelas torções em que o criador se torna maior do que a criatura."

Cíntia Moscovich, no Prosa e Verso, a propósito da reedição de alguns livros de Mario Quintana. (Disponível após registo gratuito.)