25.5.05

Duas notas, quase três



1. O Público de ontem dá conta do encerramento provisório da histórica livraria portuense Latina para obras de remodelação (o texto é do Jorge Marmelo e não está em linha). De acordo com o Público, a Latina reabrirá em Outubro "renovada e totalmente informatizada". Mais: "os dois pisos do estabelecimento vão ser transformados em três patamares, (...) estando a ser ponderada a possibilidade de ser criado um núcleo museológico que tire partido do rico espólio reunido pela empresa." Durante o período de obras, a livraria irá funcionar nas antigas instalações da Bertrand, na Rua 31 de Janeiro. Para quem não sabe, a Latina fica no início da Rua de Santa Catarina, a poucos metros de uma Fnac, e é a prova de que as grandes superfícies da cadeia francesa não substituem as "livrarias tradicionais". Na Latina, como também na Leitura, por exemplo, os leitores sabem que encontram livreiros experientes, conhecedores e que, acima de tudo, amam os livros. Ao contrário do que se verifica nas Fnac, onde a aposta reside quase exclusivamente no preço e na animação dos espaços. Por outras palavras, é excelente tomar um café na Fnac. Mas para comprar livros é melhor a Latina.

2. A APEL revelou ontem que a edição de livros em Portugal subiu quase 50% em 2004. De acordo com aquele organismo, são publicados, em média, dois livros por hora, o que perfaz 48 obras diárias. Ou seja, se multiplicarmos cada título por uma média de 200 exemplares por edição, temos todos os anos cerca de 3.500.000 novos volumes. Não é um espectáculo lastimável? Forçar, de uma maneira tão cruel, os críticos literários a trabalhar horas a fio, sem pausa para almoço, 365 dias por ano? Não me parece bem. Os sindicatos não se pronunciam?


Temos tido problemas com as caixas de comentários. Infelizmente, a sua resolução não depende de nós, tristes ignorantes em matérias técnicas. Só nos resta pedir a todos alguma paciência.