Da autonomia regional
Sempre que ouço alguns cidadãos da nossa terra na sua defesa, ingénua ou interesseira, da autonomia regional, local ou institucional, esboço um sorriso amarelo. Perdoem-me aqueles que têm uma opinião contrária à minha. Mas num país minado pelo tráfico de influências (que, como se tem visto nos últimos dias, consegue apodrecer até as cúpulas do Estado), só por ingenuidade ou por interesses na questão se pode defender a autonomia - pelo menos um certo tipo de autonomia, irresponsável. Defendo a descentralização política, mas só nalgumas situações a autonomia. Pelo menos enquanto Portugal for como é.
Apresento apenas um exemplo. Como podem as nossas escolas básicas e secundárias fazer a contratação directa dos seus professores, se, comprovadamente, muitas delas são geridas por redes clientelares, em função de pequenos jogos de poder? Aconteceria nelas o que hoje já sucede nalgumas instituições de Ensino Superior público e privado, onde qualquer voz que incomode as chefias é posta fora de circulação, onde o currículo é desvalorizado, em detrimento de amizades, fidelidades e/ou companheirismos político-sociais.
Que o futuro nos traga algum juízo...
Ruy Ventura
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