Com que se urde uma história?
Com muita sobriedade, pouca seriedade e alguma imaginação. Com um lápis, um papel, nenhum relógio. Se fores culto, com um autor, um narrador, um ajudante-de-campo, um personagem (no mínimo), um espaço, um tempo (quase sempre perdido), um princípio, um meio e um fim (a ordem é arbitrária), Tristão e Isolda, ser ou não ser, o canário travestido do Rui Laje que não sabia cantar. Se não fores culto, mete um sargento, um licranço, uma pedra e um pau, um cão e um gato, tudo o que possas arrebanhar. Evita o granito, dizem-no cancerígeno. Evita o respeito. Aponta com o dedo, mete o nariz. Sobretudo, inventa tudo. Não podes é mentir, ou a tua história afunda-se e perseguem-te como a um frango.
Filipe Guerra
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home