20.5.05

Ah ganda Miguel Veiga!

Segundo publicidade amplamente difundida pelo Público, vamos ter este sábado os poemas da vida do Miguel Veiga. Isto, supondo que o Miguel Veiga tem vida.

Ora, explicando melhor. Vomito-te da boca para fora, sociedade que cospes nos teus poetas e só os queres para flor na lapela de algum preopinante com consultório ou insultório na praça.

Vomito-te, porque não és quente nem fria.

Tomando um exemplo, uma das minhas piores experiências foi ver Jorge de Sena, que tanto engulho sentia por não o reconhecerem em Portugal para o que ele servia (dar aulas de literatura, ser de alguma forma profissional da poesia, coisa que eu não entendo, mas ele achava que sim) a desfazer-se em bravejante discurso no dia 10 de Junho, convidado por um presidente precário.

E agora, isto: poetas que servem para ilustrar ilustres. Por amor de Deus ou do Diabo.

E, pior, apenas para, ancilarmente, ajudarem a uma pobre campanha publicitária de prestígio dum jornal de referência.

Ó poesia, a que ninguém liga, mas a que todos (salvo seja, todos não, apenas os que contam) fazem reverência quando precisam de ir a banhos e têm de tirar os pneus da alma.