Abaixo o futebol
Na véspera do grande jogo que vai talvez consagrar a minha equipa como campeã de futebol galpenergia, comunico urbi et orbi que abandono o futebol, arrumo as botas, e nem sequer abraço o bloco-notas e a carreira de treinador.
Por uma razão muito simples: o Benfica joga assim-assim, tremelicou o ano inteiro pelos relvados, de pés empecidos pela relva, e venceu graças a um (único) golo duvidosíssimo e só a isso. Merecia, quem sabe?, ganhar o campeonato de Avintes. E só venceu este, mais ponderoso, porque os árbitros também jogam, digo eu, e não só.
Caiu-me a escama dos olhos. E, de repente, verifiquei que os jogadores de futebol até nos carros põem gel, para brilharem melhor. Ora, tal gasto de gel, num país falido, é um desperdício. E todos aqueles bigodes em cargos mais elevados, arg... E os presidentes de câmara de ar e esses primeiros-ministros e presidentes de quem sabemos os clubes, ui ai...
Convido pois os meus concidadãos a desertarem os estádios e a fecharem as televisões em caso de futebol.
Mensagem com cópia para Manuel António Pina e Nicolau Saião.
Note-se, aliás, que cá me canta uma ruptura dos ligamentos cruzados do joelho esquerdo, resultado dum drible muito repetido e audacioso, coisa de que o Carlos Magno (grande imprecador contra os intelectuais durante o euro 2004) não se pode gabar.
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