Poema da frente culinária
Abro o frigorífico, olho lá
pra dentro, está frio e vazio!
Está frio e vazio, e a sua alvura
faz-me lembrar paisagens nórdicas
cheias de neve e poupadas, porque lá
não cresce nada de préstimo.
Se os preços continuam a subir, também aqui
vai nevar por todo o lado.
Teremos uma era glacial dos preços
uma paisagem de frigoríficos vazios.
Seremos mais frios, ainda mais frios.
O que comermos não se decidirá
na cozinha, nem também no frigorífico.
Talvez isto seja uma boa ideia
- resolve-te, leitor! - talvez ela
me ajude a chegar ao fim deste poema.
Mas neste momento e amanhã muito mais
preferiria arranjar a sertã
para um bife panado, se o sangue
me não tivesse gelado nas veias, quando
a mulher do talho me disse o preço!
Jürgen Theobaldy
Tradução de Paulo Quintela.
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