27.4.05

Pó-de-tijolo: O diário quotidiano de Max Smash

DAY THREE (2ª-FEIRA, 25 DE ABRIL)

13 horas - Chego ao Jamor e vou direito ao Centralito. As meninas do meio-dia já estavam despachadas e em "court" actuavam duas duplas de verdadeiros artistas, que extasiaram o meu coração selvagem e ávido de ténis: Pala/Novak e Chela/Robredo.
O primeiro "set" caiu 7/5 para a dupla Chela/Robredo. Estranhei. Os checos são mais dupla de Pares, o que se nota no estilo de jogo mais entrosado e numa maneira de estar no "court" mais "aparzada".
O segundo "set" pareceu dar razão aos meus comentários: 6/1 e toma lá disto. No terceira e decisiva partida, emoção foi coisa que não faltou. Os ventos andaram a banquetear-se com as angústias dos jogadores e foi num "tie-break" malandro que a coisa tombou para o lado dos menos favoritos. O Chelas e o Tommy. Ah! pois, porque o Novak (o Jiri não tem nada a ver com a Kim do "Vertigo") e o Pala (consta que paga as suas contas honradamente e não vive à pala) eram os cabecinhas-de-série número 4.
No desempate, a dupla vencedora esteve à frente por 6-1, permitiu o 6-6 e acabou por ganhar. Abraços, beijinhos e os cavalheiros cederam o "court" à Neuza, portuguesinha da Silva, que levou um duplo 6-2 da miúda de Madagáscar, que tem um nome complicado de escrever.
14h28m - Estou na Tenda da Imprensa, a cumprir o meu dever cívico, a 25 de Abril, votando no jogo do dia. Eu explico. Isto é um concurso para a Comunicação Social, que existe por esse mundo fora. Há um jogo seleccionado e a malta faz prognósticos, preenchendo um papelinho. Primeiro, é preciso acertar no vencedor. Depois, aposta-se no resultado. Seguidamente, increve-se o número de sets, o número de jogos e o tempo do encontro. Quem andar mais próximo vence. E vai somando pontos para os prémios finais. Eu sou o único tri-vencedor do concurso de prognósticos.
O ano passado empatei a 32 pontos com o meu amigo Manuel Perez (emérito jornalista) e deram um frigorífico a cada um. Também ganhei um micro-ondas, por ter vencido um palpite diário.
No primeiro dia, apostei num 6/3 duplo a favor do Gaudio. Andei longe!
14h35m - No "court" central, para seguir o encontro Leonardo Tavares-Galo Blanco. O português começou bem: dupla falta no serviço e vai buscar um "break", com 4 minutos de toma lá-dá cá.
14h51m - Ao longe, não se ouve o rufar de tambores, mas o rebentar de foguetes. Tavares perdia 3-0. Um camarada de lides jornalísticas (Jorge Figueira) esclarece que deve ser de uma Universidade em Monsanto. Pessoal a formar-se. Monsanto foi uma grande escola de vida para muitas mulheres.
15h10m - Não afirmo a cem por cento, mas a 99. Pareceu-me ver os cabelos louros e encaracolados de Ana Sousa Dias ao lado do professor Martelo. Mas a bancada de Imprensa fica por cima dos camarotes.
15h25m - Um ar de sua graça. Tavares executa um ás a 196 km/h! É d'homem!
16h05m - Mudo de "court". Tenho de comer qualquer coisa. Vão mais dois "cachorros". Emigração para a casa de banho. Retrete. Estou eu a "sair da retrete", vem o hoquista Filipe Gaidão a "entrar para os urinóis".
- Então, ainda está no JOGO?
- Não. Já me correram há quase três anos. Estou a escrever para a TV Guia e para um blogue.
17h35m - De regresso ao "court" central. Estou a assistir desde o princípio ao Gaudio-Hernych. Um jogo entre dois tenistas que nunca se defrontaram.
O Gaudio leva 1 hora e 3 minutos a perder o primeiro "set" no desempate. E a malta a pensar: olha, queres ver que o cabeça-de-série número 2 vai à vida?
E a verdade é que o checo desperdiçou um "match-point". Depois, com muita dificuldade e alguma inconstância, Gaudio conseguiu triunfar na segunda partida por 7/5 e embalou decisivamente para correctivo bazooka: 6/0.
Ainda dei um pulinho ao Centralito, para ver um nadinha do Alonso-Karlovic (o croata é um martelo a servir, mas tem grandes limitações na posta restante). O espanhol ganhou, mas o croata ajudou como o caraças.
20horas - Na tenda de Imprensa, um cartaz grande diz: WC. E tem uma seta a apontar. Pensei que era um sítio para ir buscar "wild cards". Afinal, dei com uma casa de banho de campanha, muito gira. Tipo barraquinha medieval. Funciona tudo a pedal. O pedal do autoclismo é mesmo castiço. Parece de um camião TIR. Um gajo carrega e escorre água azul na retrete. Pacifica a alma. É uma das grandes novidades do Estoril Open.
20h35m - Na palheta com o meu amigo Freitas, com quem frequentei um curso de jornalismo em 1981 na Casa do Alentejo. O filho já foi nº3 no ranking de infantis. O puto é-me apresentado e está grande como o caraças.
Passa o meu amigo Américo e diz: "Queres boleia"?.
Quis. E foi assim que voltei a casa, a tempo de ver o Braga perder em Penafiel.

Cantinho dos trocadilhos
#11 As roupas da Massimo Dutti são pagas. Não é Dutti Free. O dever acima de tudo, mas apenas em inglês é que Dutti é dever.
#12 J. Chela não mora na Zona J de Chelas nem entrou no filme "Zona J".
#13 A 25 de Abril de 1974, os portugueses tiveram uma Revolução dos Cravos. Trinta e um anos volvidos, aguarda-se ansiosamente que se proceda a uma outra revolução: a Renovação dos Cravas. Continua-se a cravar sem vergonha nenhuma e isto não vai lá com flores metidas nos canos de G-3.
#14 O espanhol Galo Blanco quis aderir à Unita, mas o partido do Galo Negro não gostou da ideia. Galo Blanco gostava de beber um Black & White, com Barry White, que tinha uma típica voz negra.
#15 Diz o árbitro: "Jogo Blanco". Quem o mandou jogar na lotaria?
#16 Se Galo tivesse nascido em Barcelos, podia ser um símbolo nacional português e não um símbolo do ténis espanhol.
#17 Galo Blanco quis ir a Almada, para subir ao Crista-Rei.
#18 Gaston Gaudio é um excelente tenista, mas tem duas facetas. Tão depressa provoca o gáudio da assistência com uma excelente jogada, como faz uma "gaffe" tremenda. Nessas alturas, só não é o Gaston Lagaffe porque lhe falta carisma para ser personagem de BD.
#19 Sempre que Gaston entra em campo há Gaudio no "court".
#20 Gaudio fez dois "balões" fabulosos a Hernych. Montgolfier também era bom. E o João. O "balão" do João, sobe, sobe pelo ar...
# 21 "Time", disse o árbitro. Um apanha-bolas magrinho, diligente, chegou 15 minutos depois com uma revista e deu-a ao árbitro.
- Isto é a "Newsweek". Eu pedi expressamente a "Time"!
#22 O tie-break é a pausa para a gravata. O Thai-Break é uma fractura tailandesa.
#23 O slogan do Estoril Open deste ano é: ?Vantagem sua?. Uma organização deste calibre e não arranja um anti-transpirante para a vantagem?
#24 No dia 25 de Abril, não houve verdadeira liberdade nos "courts" do Jamor. Era preciso manter a bola na linha.
#25 Há jogadores de ténis que arriscam imenso quando actuam no Estoril Open. São os que gostam da culinária portuguesa e dos seus maravilhosos petiscos. "Quem não arrisca não petisca".
#26 Gaston Gaudio não é do Pragal. Mas fartou-se de praguejar e dizer "Mierda". O árbitro não acedeu ao seu pedido de estrumar o "court" central. Já bastava a porcaria que Gaudio fez nos dois primeiros "sets".

Frase do dia
"Quando se cumprimenta uma pessoa, deve-se dar dois beijinhos nas faces e não deixar ninguém pendurado com um beijinho apenas. É manifesta má-educação."
Jorge Figueira, jornalista

Diálogos Anónimos da Realidade Jamoral
Dois chavais por trás de mim, no "court" central, durante o Gaudio-Hernych:
- Eu disse à miúda que lhe pagava um gelado. Ela pediu uma bola de Haagen-Dasz. Foda-se! São 2 euros e meio!
- Emprestas-me dois euros?
- Para?.. Uma fatia de pizza?
- Sim.
-Ainda vim de lá agora.

Diálogos Imaginários da Irrealidade Demencial
As bolas de Leonardo Tavares não estavam a bater no sítio certo do ?court? central. Ana Sousa Dias levantou-se do camarote e berrou para dentro do campo:
- Leonardo, "Por outro lado"! "Por outro lado"!

Cantinho das mágoas
Do desejo e da saudade: Eram quatro. Tiraram os casacos. Ficaram de ombros nus. Rita Hayworth, em "Gilda". Lembram-se?

Nada mais por hoje. Até amanhã e um bom soninho, se for caso disso. Atentamente:

Max Smash

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Luís Graça