5.4.05

Os 50 anos de "Pedro Páramo"



O tempo não se detém e já lá vão 50 anos desde que se publicou "Pedro Páramo", de Juan Rulfo. A Casa Fernando Pessoa celebrou o facto condignamente, com uma mesa de luxo onde se sentaram o escritor José Luís Peixoto (atarefado com o romance que deve sair em Outubro), o embaixador mexicano Maurício Toussaint, o jornalista Rui Lagartinho e o escritor Urbano Tavares Rodrigues. A directora do estaminé, Clara Ferreira Alves, jogou a "pivot".
Este vosso divulgador cultural "sentadeitou-se" no melhor cantinho da casa: no patamar intermédio das escadas, com um perfeito "picado" para a mesa, em boas condições de som e imagem, para além de um plano geral de assistência.
Sessão boa, plena, daquelas de aquecer a alma. Toda a gente disse coisas cativantes. Surpresa (para mim) foi a comunicação do embaixador, que se revelou conhecedor do escritor e um apaixonado pela obra de Juan Rulfo. José Luís Peixoto confessou-se um fã de Rulfo, lido e relido. Abordou a sua ida a Espanha, onde pôde comprar um livro de Rulfo pela primeira vez.
Rui Lagartinho expôs os dilemas da tradução e frisou que, apesar de já ter recebido a verba devida por "Pedro Páramo", não foi pelo dinheiro que se envolveu num cometimento semelhante. Foi, muito simplesmente, por pura paixão. O mesmo que contagiou a tradutora de "Planície em Chamas", Ana Santos, que encontrou paralelismos marcantes entre o "seu" Alentejo e o México de Rulfo.
Urbano Tavares Rodrigues juntou à sabedoria das suas palavras e à análise literária cuidada a mais-valia dos pequenos pormenores do contacto pessoal com Rulfo.
O escriba de serviço confessa que os dois livros de Rulfo já foram espreitados e andam a peregrinar pelos cantos do quarto, emergindo de vez em quando. À espera de serem lidos como merecem.
Antes do meu jantar no sempre recomendável "Trempe" (mesmo em frente da singela casita da Coelho da Rocha), houve ainda tempo para um conívio entre a malta das letras. Saímos com o boletim da Cavalo de Ferro a piscar-nos o olho: Romana Petri vai regressar a Lisboa e é o tema principal da capa. Lá dentro, dois livros da romana: "Os pais dos outros" e "Uma guerra na Úmbria-case Venia".

Luís Graça