Aprendiz de poeta
Tomo o café. Rodo a cadeira, procuro o lugar donde melhor sacuda as metáforas e o sol não me bata a direito nos olhos. Depois, confortavelmente sentado à mesa do café, escrevo que tomei o café, rodei a cadeira, sacudi as metáforas, evitei o sol vigente naquela esplanada meio espeluncada de Setembro que me queria bater a direito nos olhos. Esta prosa estava para ser um poema sem qualidades. Já tinha mesmo preparado o respectivo manifesto, os respectivos insultos à outra geração, as bases para a respectiva polémica. Vislumbrei no texto, porém, algumas vagas qualidades, débeis mas persistentes. Desisti.
Filipe Guerra
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