16.3.05

Pelo nó do estômago.

Um poema biligue de Margarida Vale de Gato.

SYLVIA'S BABIES

Could I ever have muffled your babies,
boogey-woman fashion, following
your own footsteps stomping
off the nursery to roast
ourselves in the kitchen oven?

The voice of their sleep seeping
away in dusky darkness,
mum, mummy, mother dumb,
the two little heads giddy
like helium balloons.

Later on came big daddy bear terrified
that someone had not slept in his bed,
mightily he pulled down the airy
jerky toddlers he held fast to
the knot in his belly.

FILHOS DE SYLVIA PLATH

Pude eu alguma vez calar as tuas crias,
seguir-te as pisadas de mulher do saco
em marcha decidida rasando
rumo à cozinha a soleira das crianças
para nos cozermos no forno?

A voz do seu sono ressuma
nas semi-trevas, mum,
mamã, muda mummy,
as duas pequenas cabeças tontas
como balões de hélio.

Depois veio o grande papá urso assustado
pois alguém não dormira na sua cama,
muito valente puxou os miúdos
cabriolando aéreos e apertou-os com força
pelo nó do estômago.


Margarida Vale de Gato