18.3.05

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Por acaso, não sei o que pensa a maioria das pessoas, acantonada em cidades, mas a mim faz-me uns frémitos absolutamente íntimos. E tem a ver com o seguinte: falta a água. Ora, não sei quantos por cento de nós e de todas as coisas vivas são, isso mesmo, ÁGUA.

Faltando a água, não é só problema de não podermos tomar banho, nem sequer duche, nem de as torneiras enferrujarem ou por qualquer outro modo se tornarem disfuncionais: é o problema de não haver comidinha. Claro, claro, sempre se pode importar, que nos importa? Ponham essa no arquivo, se faz favor. Importa que não há bagulho para pagar toda essa importação. Reparem, havia aqui uns palermas a fazer (como se diz) os tomates, o milho, até o trigo, quem sabe, kivis, feijão, batata. Alguns dos palermas foram para o Luxemburgo e puxa, agora, é só espanhóis, que é como quem diz, marroquinos em Espanha, a colher morangos e tal.

Pede-se, porém, a extrema atenção de todos os circunstantes para o seguinte: há uns anos, esta seca seria um acidente de percurso. Hoje em dia, tem de entrar nos nossos cálculos a possibilidade de ser mais uma manifestação do estado caótico do clima, a coisa pior que podia acontecer com o efeito de estufa: a absoluta impresibilidade das condições do tempo.

Tenho aqui as sementes, já comecei mesmo a semear. Mas que fazer, que fazer? Riam-se, riam-se à vontade com a malta atrasada dos campos.