Depois da Rússia
Que faço, cega e bastarda, num mundo/ Onde cada um tem vista e tem pai,/ Onde andam - por anátemas, por aterros -/ As paixões! Onde o choro dos olhos/ É - de resfriado!// Que faço, eu, por costela e ofício ave/ Canora! - virada em fio!, bronze!, Sibéria!/ Pelas minhas visões eu vou - como pela ponte!/ Vou pelas imponderáveis visões/ Num mundo de pesos.// Que faço, primogénita e cantora,/ Num mundo onde o mais negro - é cinzento!/ Onde a inspiração se guarda na garrafa/ Térmica! Que faço com esta desmesura/ No mundo das medidas?!
Marina Tsvetáeva, 22 de Abril de 1923.
Para ouvir este poema, numa leitura de E. Muratovaya, prima play.
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