22.2.05

Post Scriptum # 509



Um sabor a Bryce

"Um sabor a Bryce". Foi assim que João Rodrigues (editor da D. Quixote) rematou a leitura de um pequeno extracto de "O Horto da minha amada", que ocorreu no anfiteatro do Instituto Cervantes.
Mas o "limiano" (nasceu em Lima, Peru, em 1939) Alfredo Bryce Echenique não pôde estar presente, porque uma operação a uma hérnia discal o impediu de se deslocar a Portugal para participar no encontro "Com o Atlântico no meio: olhares sobre a literatura hispano-americana", iniciativa conjunta do Instituto Cervantes e das editoras Temas e Debates, D. Quixote, Teorema e ASA.
Nuno Júdice apresentou a obra do escritor, detendo-se pormenorizadamente em "A vida exagerada de Martin Romaña" (agora editado pela Teorema) e contando alguns episódios curiosos da sua relação com a escrita do autor.
A conversa que se seguiu foi parar à temática do "realismo mágico" e um tom de humor impregnou a assistência. Afinal, as realidades da América do Sul são de tal maneira mágicas que basta ser "realista" para escrever ao estilo do tão falado "realismo mágico".
Ou Bryce Echenique não tivesse um tio diletante e boémio que gerou o seguinte epitáfio: "Aqui sigue descansando Joaquin Bryce Echenique". O autor, para João Rodrigues, consegue atravessar todo "O horto da minha amada" com um humor e uma ironia muito próprios, sendo um mestre nos diálogos. Ou não tivesse feito uma tese sobre os diálogos nos romances de Hemingway.
Antes do encontro, houve ocasião para peregrinar o átrio do Instituto Cervantes, onde se encontra exposta até dia 28 do corrente uma exposição dedicada a Garcia Marquez. Uma fotobiografia riquíssima, com imagens dos seus antecentes familiares e também de muitos dos locais por onde passou. A ver rapidamente, senão foge.

Luís Graça