14.2.05

Ilha dos amores # 131

Para quem não conhece a obra de Alexandre Delgado O'Neill, o texto de Maria do Carmo Serén no folheto da exposição oferece algumas pistas:

"Há por aqui, nesta selecção de uma vida breve, diversos caminhos e muitos ensaios, marcando a vereda tortuosa de um autor plástico que escrevia e também trabalhava em design gráfico. (...) Inquietações onde perpassam ecos de vanguardas familiares, que já destruíam o espaço clássico da composição e a lógica do consenso e, ainda o tributo à desconstrução do seu tempo, esvaziando de sentido iniludíveis geometrismos modernistas da estruturação do olhar.
Porque, antes de tudo, como sistema ordenador de uma opção pela imagem, define-se aqui um olhar fotográfico. Que formaliza instantes subjectivados quando em reportagem directa e humanista, que ordena sombras de objectos iluminados ou desestrutura o real pela carga simbólica do indizível, possibilitando-nos a libertação do constrangimento da banalidade do quotidiano."

Absolutamente esclarecedor, não é? De qualquer maneira, é natural que alguns leitores mantenham ainda algumas dúvidas sobre o "contexto temporal de desprendimento pelo pretérito e por uma realidade em suspensão crítica" presentes na obra deste autor. Por isso, o melhor a fazer é ver a exposição.