Cimbalino Curto #138
A Administração do Museu de Serralves fez ontem um balanço da sua actividade durante 2004, apresentando mais alguns dados interessantes sobre a afluência de visitantes ao museu do Porto. Se me permitem, e à boleia destes dados, gostava de retomar o tema do papel da Cultura para a projecção e desenvolvimento do Porto. Ou, utilizando uma expressão cara aos nossos contabilistas oficiais, como uma "mais-valia do ponto de vista da economia da cidade".
De acordo com os responsáveis do museu, Serralves recebeu em 2004 a visita de 330.525 pessoas, as actividades do serviço educativo envolveram cerca de 98.578 participantes, 2600 participaram em visitas guiadas, e 28.371 em visitas escolares. A iniciativa "Serralves em Festa", que assinalou o 5º aniversário do museu, recebeu 42.000 visitantes, e, na área da divulgação, foram distribuídas 400.000 "newsletters" e houve 10.000.000 de visitas ao seu sítio na internet. Desnecessário será dizer que Serralves foi o museu mais visitado em Portugal e um dos que mais cresceu na Europa.
Tudo isto numa cidade onde a Cultura é entendida pelos seus principais representantes políticos como uma dimensão menor da vida pública. Tudo isto numa cidade onde a cartilha oficial reproduz o velho lugar comum de que arte não gera riqueza. A verdade é que, se excluirmos o futebol, nenhuma outra iniciativa ou instituição atraiu tantos visitantes ao Porto, nos últimos anos, como as exposições de arte de Serralves. E se somarmos a estes, os visitantes da Capital Europeia da Cultura, o cenário é ainda mais esclarecedor. Ou seja, uma parte muito importante do turismo que rumou ao Porto teve por motivação - ó céus! que horror! - a Cultura.
De qualquer maneira, ainda acredito que há situações que podem fazer o mais impenitente dos contabilistas reflectir sobre o valor de certos números com menos preconceitos.
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