24.11.04

Umbigo #108

Troco metade da literatura portuguesa contemporânea por meia dúzia de versos de Herberto Helder.


Havia um homem que corria pelo orvalho dentro.
O orvalho da muita manhã.
Corria de noite, como em meio da alegria,
pelo orvalho parado da noite.
Luzia no orvalho. Levava uma flecha
pelo orvalho dentro, como se estivesse a ser caçado loucamente
por um caçador de que nada se sabia.
E era pelo orvalho dentro.
Brilhava.