Cimbalino Curto #116
"Salgueiros destitui Linhares da presidência", noticia o Público num brevíssimo texto na sua edição de domingo (não há ligação). Esta é uma boa notícia para os portuenses. O Salgueiros é uma das mais emblemáticas instituições da cidade, com um património que ultrapassa em muito a dimensão exclusivamente desportiva. Por isso, é muito difícil aceitar a maneira como em poucos anos o velho clube mergulhou numa crise da qual dificilmente conseguirá recuperar. Tudo leva a crer que terá havido uma longa e continuada má gestão por parte da direcção cessante, e que isso contribuiu significativamente para a desastrosa situação do Salgueiros. Em todo o caso, não creio que essa seja a única justificação para a crise do clube. O Salgueiros é uma imagem do que é actualmente o Porto. Uma cidade que todos os dias perde gente. Uma cidade sem confiança, sem motivação, sem orgulho. O Salgueiros morre ao mesmo tempo que morre o velho bairrismo portuense. Sim, o bairrismo é bom. É uma espécie de alma das colectividades e do associativismo. Mas sem gente não há bairrismo. Não é por acaso que a cidade assistiu a tudo isto com uma fria e confrangedora indiferença. O Salgueiros morre porque já não há pessoas para sentir falta do Salgueiros. O mesmo se passa com uma boa parte dos velhos clubes e associações da cidade. Uma cidade sem habitantes é uma cidade sem meios para conservar a sua identidade, as suas instituições, o seu orgulho. É uma cidade a prazo.
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