11.9.04

Umbigo #86

Tive hoje (sexta-feira) o fogo a uns cinquenta metros da minha casa e a uns dez metros do meu terreno. Houve de resto muitos fogos simultâneos em vários distritos. E depois de algum pensar, cheguei a umas conclusões. Que são estas.

Estamos em Outubro. Chuviscou de manhã. Imensa gente por esses campos achou que era chegada a hora de queimar o ?lixo? dos seus campos. E desatou a fazer queimadas. Só que o vento soprou fortíssimo e as faúlhas propagaram­?se a grande velocidade. E, pronto, foi o desastre.

Ora, pergunto eu: mas que ?lixo? é esse que as pessoas querem queimar? Matéria orgânica que muito bem faria à terra se lhe fosse restituída. Porque não deixam o restolho apodrecer tranquilamente? Porque precisam de ?limpar? a terra, de a lavrar, de a deixar pronta para as sementeiras de Inverno ou de Primavera.

Pela minha parte, comecei a optar por passar uma grade sobe o restolho: a grade parte o restolho, que se deita sobre o solo, e alisa a terra. O restolho fica lá quietinho a apodrecer. Para o ano infiltrou-se no solo e, com o passar do tempo, fará húmus. Não é uma coisa que dê resultado logo (o resultado rápido que se consegue ?limpando? a terra e deitando-lhe em cima adubos químicos, resultado rápido mas estirilizante: a terra é tratada como um mero suporte das raízes e o alimento das plantas é dado pela química - estou a exagerar, claro).

Na minha modesta opinião, as queimadas que se podem ou devem fazer não são estas: são as queimadas destinadas a eliminar ?fatias? de matos, para criar espaços diversificados na paisagem rural, que interrompam a continuidade dos pastos das chamas. E devem fazer-se no Inverno.

Tudo isto não tem nada a ver, acho eu (mas quem sou eu para achar?), com os fogos do Verão e com a falta de prevenção. Devo, de resto, dizer, que, pela primeira vez que contactei directamente com os bombeiros, encontrei neles pessoas com uma calma extraordinária e uma atitude decidida e inteligente face aos fogos, apesar da falta de meios.

Em tempo: caros amigos, perdoem este fantasma vindo do nada. Deixei passar o aniversário do Quartzo, não contribuí para a festa, que foi linda, pá, por razões cá muito minhas que não quero tornar públicas. Mas que gosto deste blogue, gosto. E continuo a agradecer aos amigos que para aqui me convidaram. Feliz aniversário atrasado para nós, rapazes e Sophie.