8.9.04

Post Scriptum #352

Martín López-Vega
(Espanha - Astúrias, n. 1975)


LARANJA

Alguém a deixou sobre a mesa do jardim, a laranja.
Agora é um símbolo da tarde, essa fruta
brilhando por entre o confuso calor deste fim de dia
luminoso como uma recordação amorosa da adolescência,
como a primeira laranja,
como as mãos que cheiram a laranja.

(Rodearam-na logo as formigas, esvoaçaram
em seu torno mil insectos, bailará a noite
em seu redor.) Mas agora essa laranja na tarde
supõe uma ordem, um sentido, o centro gravitacional do dia.

(in Árbol desconocido, Visor, 2002).

Tradução de Ruy Ventura.