O Povo é Sereno #158
MAIS VALE TARDE DO QUE NUNCA
Como tem sido largamente difundido pelos órgãos de comunicação, Portugal chegou a uma encruzilhada: têm-se multiplicado os abusos de poder protagonizados por diversos organismos do Estado, nomeadamente forças de segurança e sistema judicial. Mas não apenas estes: de igual modo, não-eleitos (e, o que é ainda mais grave, eleitos) tripudiam sobre as pessoas comuns - já exorbitando dos seus poderes, já furtando-se aos mais simples deveres de boa gestão dos comportamentos e de tudo o que enforma uma relação harmoniosa com a comunidade.
E usam um léxico desresponsabilizador, à guisa do que Orwell previra: assim, por exemplo, apelidam de "derrapagens" típicos actos de desleixo, esbanjamento e dissipação de verbas.
Em França, em Itália, na Inglaterra, mesmo na vizinha Espanha, nos Estados Unidos e no Canadá, etc., foram há largo tempo criadas associações que congregam juristas, publicistas, escritores, simples cidadãos sem distinção especial mas que, honradamente, entendem que têm uma palavra a dizer - e que se unem para ultrapassar o verdadeiro bloqueio que os Estados corrompidos pelos interesses espúrios ou simplesmente ilegítimos - porque manobrados por próceres sem dignidade ou irrespeitosos para com os cidadãos - tentam estabelecer.
Tal como foi por diversas vezes referido por jornalistas, autores e pensadores distintos, Portugal é uma "sociedade criminal", ou seja: uma sociedade onde os organismos judicial e de segurança estão não ao serviço do cidadão mas das classes que estruturam o Poder. Através de atitudes não preceituadas em lei, mas que mediante a corrupção ética esses sistemas utilizam - uma vez que confundem "autonomia" com "impunidade" e "independência" com "irresponsabilidade" devido à cobertura que lhes é dada por mandantes tão éticamente corrompidos como eles - exercem uma intolerável pressão sobre os direitos dos cidadãos, que são desprezados e prejudicados a seu bel-prazer.
Segundo nos chegou ao conhecimento, estará no nosso país em vias de formação uma associação desse tipo, que procurará levar às mais altas instâncias da Comunidade Europeia e mesmo da ONU - de que Portugal faz parte - os casos em que se exerça a nefasta acção dessa gente abusadora, determinada a destruir a Democracia que ainda existe, no sentido de poderem espoliar à-vontade os portugueses.
Estaremos atentos, como é óbvio. E a seu tempo, porque tal é importante para os membros das diversas comunidades, voltaremos a este tema candente.
Nicolau Saião
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