24.8.04

Post Scriptum #335



Robert Walser
(Suiça, 1878-1956)

NO ESCRITÓRIO

A lua observa-nos do lado de fora,
e repara em mim, pobre empregado,
a desfalecer sob o olhar implacável
do chefe.
Atrapalhado, coço o pescoço.
Nunca conheci um sol perdurável
em toda a minha vida.
A privação é a minha sina:
coçar o pescoço
sob o olhar do chefe.

A lua é a ferida da noite
e todas as estrelas são gotas de sangue.
A felicidade permanece muito longe de mim,
por isso a minha natureza é modesta.
A lua é a ferida da noite.

(Poemas, 1909).


Esta é a minha tentativa de tradução deste poema de Walser (peço desculpa ao autor e aos leitores), com base na versão em castelhano de Matilde Sánchez e Guillermo Piro, e editada no nº 61 do Diario de Poesía (Setembro de 2002). Outros poemas se seguirão durante os próximos dias. Agradeço todas as sugestões que possam melhorar estes textos.