21.8.04

Post Scriptum #330

Caros amigos (e creio que ainda haverá alguns):

Entre muitas e várias desilusões, e a coisa está a ficar grave, há esta paranóia do anti-semitismo, lançada (eu diria com precisão cirúrgica) relativamente a pronto coisas que estão a acontecer.

Não me sinto muito bem e noto em mim reacções preocupantes. Mas vamos manter a calma.

Para explicar melhor a complexidade das minhas circunvoluções (também penso que os milhões de leitores atentos deste blogue terão tido experiências semelhantes na massa cinzenta) resolvi traduzir um poema do yidish. Sim senhor, essa língua meio alemã (que ironia) que os judeus da diáspora espalharam pelo mundo e os nazis destruíram com as suas patorras de sangue (o que, diga-se de passagem, só prejudicou a cultura alemã, palermas, além de assassinos).

Parece, porém, que alguns e algumas querem ajudar à missa. Não contem comigo. E mais não digo. Dá vontade de ir ver se o rio tem realmente profundidade para acolher o meu pobre invólucro. Aí vai pois em original e pobre tradução um hino judeu da diáspora dos séculos passados:

In kamf
David Edelstadt (1866-1892)

Mir vern gehast un getribn
mir vern geplogt un farfolgt
un alts nor derfar vayl mir libn
dos oreme shmakhtende folk

Ir kent undz dermordn tiranen
naye kempfer vet brengen di tsayt
un mir kemfn mir kemfn biz vanen
di gantse velt vet vern bafrayt

Na Luta
David Edelstadt (1866-1892)

Somos expulsos, odiados
Torturados, perseguidos
e tudo só porque amamos
o pobre povo perdido

Podeis matar-nos tiranos
Cada dia outro guerreiro
Virá lutar sem descanso
Libertar o mundo inteiro.

Como não posso deixar de apresentar a outra versão (como compete a qualquer observador imparcial dos factos, isto é, como convém respeitar a opinião de todas as partes), eis também
o salmo 137 (atenção, a tradução não é minha):

Filha de Babilónia, que vais ser assolada,
Ditoso quem te der a paga
Do mal que nos fizeste!
Ditoso quem tomar e esmagar,
Contra uma pedra, os teus filhos.

Salmo 137