Post Perlimpimpim #5
De certa maneira, detesto blogues, ou, por outra, detesto blogues de certa maneira. São máquinas de narcisismo e tendencialmente impedem uma discussão, não digo serena, mas digo equipotente.
Vem isto a propósito de uma reacção do anjo élico a um post meu. Podem ver a sua reacção, bem como as minhas reacções à reacção dele, na caixa de comentários do post. Ora bem, não acho que tenha ido bem nas reacções. Muito loquaz no post, seco e lacónico e áspero nos comentários, abusando da posição dominante!
Não é que eu abdique do que disse. Não. É que não nos situamos ao mesmo nível. Ele insinuava, se bem o interpretei, que a gasolina em Portugal é mais cara do que em Espanha. Eu estava a falar de coisas a mais longo prazo.
Mas sempre quero dizer que, a curto prazo, ele deve ter razão (não conferi, mas acredito): em Portugal, a gasolina é mais cara do que em Espanha, e isto será verdade sobretudo desde a liberalização, como pode ser visto na manchete do Jornal de Notícias de hoje. Bonito serviço, caros economistas dominantes; a vossa treta é isso mesmo, treta: os preços do mercado "livre" não são sempre favoráveis ao consumidor.
Quanto mais livre o mercado, pior para nós, portugueses. São destes paradoxos: as consultas médicas são mais caras em Portugal do que na Bélgica, como eu já disse. Os preços dos produtos de primeira necessidade, parece que também são mais elevados do que na média dos outros países europeus. Os salários são mais baixos (Estas coisas ouvi eu dizer ao professor Rebelo de Sousa, ontem na TVI, e acho que ele não levará tão longe o seu gosto da manipulação). E pronto, mais nada! A gasolina segue o mesmo padrão.
Ora eu continuo a dizer: não vejo país da Europa Ocidental mais americano do que Portugal. Basta ver os/as apresentadores/as de televisão (esta é baixa, mas estou com pressa).
Bem, uma coisa é isso. Outra coisa é o andamento geral da nossa sociedade mundial. E aí, sejam quais forem os ajustamentos circunstanciais, a verdade é só uma (puxa, mas que raio, lá estou eu... até pareço o Salazar e o SNI): o petróleo demasiado barato ajudou a configurar uma sociedade orientada para soluções insustentáveis (o lucro é mais cego do que o amor) e vamos pagar caro isso.
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