20.7.04

Post Scriptum #305

Good Old Sam!
 


 
            Lembra­-se do Grehan? perguntou Mr. Hackett.
            O envenenador, disse o cavalheiro.
            O solicitador, disse Mr. Hackett.
            Conheci­-o vagamente, disse o cavalheiro. Seis anos, não foi?
            Sete, respondeu Mr. Hackett. Seis é muito raro.
            [...]
            Recebi uma carta dele esta manhã, disse Mr. Hackett. (?) A carta continha um anexo, disse Mr. Hackett, do qual, conhecendo o amor que você tem pela literatura, gostaria de lhe dar um cheirinho (...).
           
Mr. Hackett leu:
[...]
 
PARA NELLY
 
Sobre ti, doce Nell, quando anoitece,
Jug-jug! Jug-jug!
Aqui cativo tece
Meu pensamento ideias libertinas.
Inda com Hardy anda p'las esquinas?
Ou Val a mão na saia dela inserta,
Como dantes? Responde o Eco: Certes.
 
Está bem! Está bem! Que seja assim
Pu-uí! Pu-uí!
Muito longe de mim
Censurar brincadeira tão singela.
Arde com Hardy, e a Val revela
Tudo salvo o que é de Greh'n. Isso guarda.
Que a Vall se vele e com Hardy não arda!
 
Isso! Que é penhor ímpar de pureza!
Cucu! Cucu!
Tomara ter certeza
Que se daqui me libertar
Na donzela vou encontrar
Sob a flor de Cupido oh neni oh
De Diana o botão em statu quo.
 
A minh'alma ousa a luz obscuramente
Tuit! Tuô!
Quando em si se pressente
O sussurro subterrâneo
Qu'inda há-de ser epitalâmio.
E em mim Hímen orvalho já derrama
Do antegozo da nupcial cama.
 
Basta...

 
in Samuel Beckett, Watt, tradução de Manuel Resende