Post Scriptum # 275
Nunca consegui entender as pessoas que consideram os gambozinos seres imaginários com que se enganam as crianças e, digamos, os pacóvios. O meu velhote só teve uma profissão durante toda a vida: pescador de gambozinos. E todos os seus antigos colegas de profissão são unânimes em reconhecer que foi um dos melhores. Cheguei a acompanhá-lo muitas vezes e, quando a idade lhe começou a pesar nas costas, era eu quem lançava e recolhia as redes. Ele limitava-se a dar indicações.
No entanto, admito que haja ainda muita falta de informação. Há gambozinos peixes e gambozinos pássaros. Presumo que algures no seu processo evolutivo a espécie se tenha dividido em dois ramos distintos. Seguramente os biólogos saberão explicar isso melhor do que eu. Não são animais que se reproduzam com facilidade, como os pardais ou as trutas, mas em condições normais, são bastante resistentes e duram muito tempo.
Para encerrar este assunto, acrescento apenas que a mais importante comunidade de pescadores de gambozinos ainda existente na Europa encontra-se numa pequena vila piscatória do Norte de Portugal, chamada Afurada.
Ernesto Abruzzo, Il laboratorio personale, Ed. A. Deias, Nuoro, 1984.
A tradução infelizmente é minha.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home