16.6.04

Post Scriptum # 267

Grande efeméride do dia.



Para assinalar os cem anos do Bloomsday, o Quartzo, Feldspato & Mica tem o orgulho de publicar uma carta quase inédita de James Joyce. Trata-se de uma breve missiva que nos foi gentilmente cedida por Clara Obligado e Angel Zapata, na qual o autor de "Ulisses" felicita Nora pelas suas peculiares qualidades pessoais. Caras leitoras e caros leitores: James Joyce na primeira pessoa e quase em exclusivo, aqui no Granito.

8 de Dezembro de 1909
44 Fontenoy Street, Dublin

Minha doce, pequena, lasciva Nora, fiz o que me disseste e bati duas punhetas enquanto lia a tua carta. Sinto-me entusiasmado por saber que gostas que te fodam pelo cu. Agora, inesperadamente, posso mencionar aquela noite em que te fodi tantas vezes por trás. Nunca passei contigo um serão de foda com mais merda, querida. O meu caralho esteve enterrado em ti durante horas, entrando e saindo pela parte inferior do teu cu levantado. Sentia uns grossos e suados presuntos debaixo das minhas bolas e via a tua cara ruborizada e os teus olhos febris. A cada estocada minha, a tua língua febril brotava ardente por entre os teus lábios e, se a estocada era mais enérgica que de costume, soltavam-se por detrás peidos fortes e imundos. Tinhas o cu peidão naquela noite, querida, e fui arrancando-os, gordos eles, impetuosos, rápidos, miúdos, alegres petardos, e muitos peidos pequenos e desobedientes que acabam num prolongado balbuciar do teu buraquinho. É maravilhoso foder uma fêmea que se peida e se a cada investida lhe arrancas um peido. Julgo que reconheceria os peidos de Nora em qualquer parte. Ruído juvenil, não como essas bufas húmidas que, suponho, darão as gordas casadas. Repentino, seco e hediondo, como o que uma rapariga descarada daria à noite para se divertir no dormitório de um internato. (...)
Dizes que mo chuparás quando regressares, e que queres que te coma a cona, malandrinha depravada. Espero que me surpreendas numa altura em que adormecer vestido, te aproximes com fogo de puta nos teus olhos sonhadores, desabotoes a minha braguilha botão a botão, exponhas com amabilidade o vigoroso pássaro do teu amante, o introduzas na boca húmida e o chupes até ficar grosso e teso teso e se venha na tua boca. Também eu te surpreenderei adormecida, levantar-te-ei a saia, abrir-te-ei os calções ardentes, deitar-me-ei ao teu lado e começarei a lamber sem pressas a tua pentelheira. Estremecerás inquieta quando lamber os lábios da cona do meu amor. Gemerás, resmungarás, suspirarás e peidar-te-ás de prazer nos teus sonhos (...)
Boa noite, Nora, pequena peidorra, malandrinha, desvairada. Há uma palavra adorável, querida, que sublinhaste para que pudesse bater uma punheta mais à vontade. Escreve-me mais coisas desse estilo e também a ti, com doçura, com merda, com mais merda.

James Joyce