31.5.04

Post Scriptum # 246

Para os delicadinhos da silva (3ª parte)



Do "Tratado de civilidade e etiqueta", de Mireille de Gencé (1912).

(...) Quando uma pessoa exalou o último suspiro é ao seu parente mais próximo que incumbe o supremo dever de lhe cerrar as pálpebras, mas quando a dor é profunda por vezes sucede que os parentes próximos não têm a energia precisa para cumprir esse lúgubre dever, que uma pessoa amiga pode então tomar a seu cargo. Ao cerrar-se as pálpebras do falecido, convirá estender-lhe os membros antes que fiquem rijos devido à morte. Por último, a suprema toilete: veste-se-lhe o melhor fato e estende-se depois no leito.(...) Anda-se pelo quarto onde ele jaz com as maiores precauções e abafando o ruído dos passos.
(...) Se na rua uma senhora deixar cair um objecto, o cavalheiro deve apanhá-lo e entregar-lho com amabilidade. Não deve aproveitar o pequeno gesto para entabular conversa. Nunca se deve apanhar um lenço ou um pente. O excesso de obséquios é de evitar. Na igreja não se deve sorrir às pessoas que entram ou fazer comentários enquanto o sacerdote fala. Convém não esquecer que o templo não é um teatro ou sequer um salão. Se não sabemos estar como devemos, é preferível não ir lá.
Ao entrarmos numa igreja devemos descalçar as luvas (...)".


Selecção e tradução de Nicolau Saião