16.4.04

Ilha dos Amores #39


Bastava-lhe andar assim por entre o bulício da multidão para se sentir feliz, para se sentir muito divertido. Fora isso, parecia não pensar em mais nada senão, uma vez por outra e só fugazmente, nos desenhos de Beardsley ou em qualquer outra coisa ligada ao vasto domínio da arte e da cultura. Ele andava sempre a pensar em qualquer coisa. Tinha a cabeça sempre ocupada com qualquer ideia de certo modo longínqua. Como os senhores compreenderão, é natural que as pessoas que o rodeavam, e que observavam isso nele, levassem um pouco a mal essa sua atitude.

Robert Walser, O Salteador. Tradução de Leopoldina Almeida