13.2.04


Pequena rubrica dedicada às grandes obras-primas portuguesas de expressão inglesa.


Como prometido, o Ricardo Carvalho apresenta-nos hoje a sua segunda tentativa na difícil arte da tradução. É com imenso orgulho que publicamos a sua versão de "Someone That Cannot Love", essa obra-prima de um dos grandes songwriters portugueses de expressão inglesa, David Fonseca. Um rigoroso exclusivo deste blogue.
A apresentação e as notas de tradução são também da responsabilidade do tradutor.


Tive oportunidade de encontrar uma tradução para português deste hit aqui. O autor (anónimo, segundo parece) tem um cuidado site alusivo à música pop de expressão portuguesa e não só, onde podemos encontrar referências tão importantes como as T.A.T.U. ou Caetano Veloso.

Não posso, no entanto, deixar de discordar nomeadamente de uma opção. Se bem que em alemão se possa traduzir facilmente por "können", a tradução do verbo "can" pode revelar-se muitas vezes problemática em português. Neste caso traduzi-lo por "poder" parece-me passar completamente ao lado do sentido do poema. "Alguém que não (¿)pode(?) amar?" Pode? Não pode... como assim? Tem uma lesão cerebral? Uma opção deste género pode transformar uma obra do mais elevado sentimento poético num texto de António Damásio, carregado do mais profundo rigor científico.

Considerando que o poema não é mais do que uma tentativa de sedução de alguém já comprometido, optei por considerar que a pessoa posta em causa pode amar, mas simplesmente não consegue. Isto por uma simples questão de eficácia do engate em si.

(Ricardo Carvalho)


ALGUÉM QUE NÃO CONSEGUE AMAR
David Fonseca

Fechaste o teu coração/ Acordas com lágrimas e estrelas nos teus olhos/ Deste tudo a alguém que/ Não consegue amar-te de volta/ Os teus dias repletos/ De desejos e esperanças pelo amor que tens/ Desperdiças tudo para alguém que/ Não consegue amar-te de volta/ Alguém que não consegue amar/ Amor, não é isto bastante/ Empurras-te para baixo/ Tu tentas tomar conforto em palavras/ Mas palavras/ Elas não podem amar/ Não as desperdices assim/ 'quelas magoam-te mais/ Secretamente fizeste/ Castelos de areia que escondes na sombra/ Mas não podes suster as marés que os partem/ E tu constróis todos de novo/ Tu levas todas estas palavras/ Tu fazes conversas que não podem ser ouvidas/ Quanto tempo até que notes isso/ Ninguém está a responder/ Alguém que não consegue amar/ Amor, não é isto suficiente/ Empurras-te para baixo/ Tu tentas tomar conforto em palavras/ Mas palavras/ Elas não podem amar/ Não as desperdices assim/ 'quelas magoam-te mais/ Amor, amor não é isto suficiente/ A abusar por aí/ Tu tentas tomar conforto em palavras/ Mas palavras/ Elas não podem amar/ Não as desperdices assim/ 'quelas magoam-te mais/ Alguém que não consegue amar/ Alguém que não consegue amar/ Alguém que não consegue amar/ Amor, não é isto suficiente/ Tu puxas-te para baixo/ Tu tentas tomar conforto em palavras/ Mas palavras/ Elas não podem amar
Não as desperdices assim/ 'quelas magoam-te mais/ Amor, amor não é isto suficiente/ A abusar por aí/ Encontrar pouco conforto em palavras/ Mas palavras
Elas não podem amar/ Não as desperdices assim/ 'quelas magoam-te mais/ Tu sabes que elas vão magoar-te mais/ Palavras elas vão magoar-te mais/ Palavras elas vão magoar-te mais/ Sim elas vão magoar-te/ Alguém que não consegue amar/ Alguém que não consegue amar.