28.1.04

Post Scriptum #129

Um blogue de pedra. Mas com muitos cérebros.

Sim, somos um dos blogues com mais sorte da blogosfera. Ao fim de seis meses de emissões mais ou menos regulares, o Quartzo, Feldspato & Mica ganhou amigos como estes: Manuel Resende, Margarida Vale de Gato, Jorge de Sousa Braga, Rui Lage, Isa Mara Lando ou Nicolau Saião. Graças à sua amizade tivemos a sorte de poder publicar dezenas de textos inéditos de autores estrangeiros, alguns dos quais praticamente desconhecidos em Portugal. Hoje recebemos em casa mais um amigo: Jorge Vilhena Mesquita. Coordenador da revista DiVersos e tradutor de autores como Rimbaud, Keats e Shakespeare. E o começo não podia ser mais auspicioso. Jorge Vilhena Mesquita lança-nos ao Tigre de Blake.

Mais uma vez, a gerência e os nossos leitores agradecem.



O TIGRE
William Blake
(Inglaterra, 1757-1827)


Tigre! Tigre! flamejando,
Selvas da noite aclarando,
Que mão, que olhar imortal,
Criou simetria tal?

Em que abismos arde ou céus
O fogo dos olhos teus?
Em que asas ousou voar?
Que mão o ousa agarrar?

Com que ombros, que artesão
Te deu fibra ao coração?
Quando a bater começou,
Que mão, que pé aterrou?

Que martelo? Que corrente?
Que fornalha teve ardente
Teu cérebro? Que mão forte
Lhe aplaca os pavores de morte?

Quando as estrelas dardejam
E de choro os céus marejam,
Tal obra vendo sorri?
O Cordeiro fez e a ti?

Tigre! Tigre! flamejando,
Selvas da noite aclarando,
Que mão, que olhar imortal,
Ousou simetria tal?

Tradução inédita de Jorge Vilhena Mesquita.

A propósito deste poema, Jorge Mesquita sugere ainda a leitura das traduções feitas por Jorge de Sena e A. Herculano de Carvalho. O nosso leitor Mesquita Alves aponta ainda a tradução realizada por Ruy Belo para os antigos cadernos da Editorial Inova, do Porto.