11.12.03

Post Scriptum #96

François de Maynard
(França, 1582-1646)


EPIGRAMA

Nada escreve a tua pena
Que de mil véus se não cubra,
Teus dizeres são noite negra
De lua e estrelas viúva.

Amigo meu, deita fora
Essa retórica horrenda,
Bem precisa a tua obra
Dum adivinho que a entenda.

Se o teu espírito pede
Que ocultes seu génio imenso,
Dize-me lá: quem te impede
De te servires do silêncio.

Tradução de A Herculano de Carvalho.
Oiro de Vário Tempo e Lugar, 2ª Edição, Asa, 2003.