Post Scriptum #78
BEN JONSON VS JOYCE KILMER
Combate em torno das árvores e em dois rounds.
1º ROUND
Ben Jonson desafia Joyce Kilmer.
A VIDA PERFEITA
Não é crescendo à toa,
Como as árvores, que alguém se aperfeiçoa;
Não como o roble, em pé trezentos anos,
E ser madeiro enfim, calvo, seco sem ramos.
Esse lírio de um dia,
Em Maio, tem mais valia,
Mesmo que à noite caia já sem cor:
Foi a planta da luz, era o sol a flor.
Em justas proporções a beleza se ajeita,
E só num ritmo breve é que a vida é perfeita.
Ben Jonson
(Inglaterra, 1572-1637)
2º ROUND
Joyce Kilmer responde a Ben Jonson.
ÁRVORES
Parece-me que nunca ninguém há-de
Ver poema tão belo como a árvore.
Árvore que sua boca não desferra.
Do seio doce e liberal da terra.
Árvore, sempre de Deus a ver imagem
E erguendo em reza os braços de folhagem.
Árvore que pode usar, como capelo,
Ninhos de papo-ruivo no cabelo;
Em cujo peito a neve esteve assente;
Que vive com a chuva intimamente.
Os tontos, como eu, fazem poesia;
Uma árvore, só Deus é que a faria.
Joyce Kilmer
(E.U.A., 1886-1918)
Ambos os poemas foram traduzidos por A. Herculano de Carvalho e fazem parte do volume "Oiro de Vário Tempo e Lugar", 2ª Ed., Asa, 2003.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home