20.11.03

O Silêncio é de Ouro #17

Quem lê este blog com alguma regularidade já deve ter reparado nos seus comentários. É um dos nossos comentadores mais atentos. E se não é o mais ácido, engenhoso e excessivo, é no mínimo o mais agradável à vista. Firmino, o Belo resolveu sair da sombra das caixas de rodapé e saltar para a primeira página. Esta é a sua primeira colaboração, digamos, oficial. Um texto delicioso sobre Paul Wittgenstein, irmão de Ludwig, surgido a propósito do Post It #27.
Caros leitores, do Firmino com furor.


Se a história musical de Ludwig dura apenas 30 segundos, aqui fica uma das mais belas histórias que a música nos contou e cujo protagonista é precisamente o seu irmão Paul Wittgenstein.
Paul era em 1914 um jovem pianista com uma carreira fulgurante na Europa e especialmente admirado pelo famoso grupo dos franceses. Mas a grande guerra das trincheiras calhou a todos. E foi aí que Paul perdeu, em combate, o seu braço direito. Para Paul, a vida tinha terminado, embora ele continuasse tristemente vivo. Só que neste mundo dos homens, às vezes há lugar para um final feliz. Ravel, um fervoroso admirador do pianista, decidiu "ressuscitar" Wittgenstein criando para ele a sua mais apaixonante (opinião Firmínica) e indiscutivelmente singular obra musical: o concerto para piano e orquestra, para a mão esquerda.
Se Ludwig redimensionou a filosofia (um dever para quem, diz-se, ter andado a primária com o Adolfo), Paul mostra-nos que da universalidade da música fazem parte algumas melodias verdadeiramente extraordinárias, que, infelizmente, só alguns homens conseguem ouvir.

Firmino o Belo.