O Povo é Sereno #23
Num dos seus posts de ontem, Pacheco Pereira manifesta o seu desacordo em relação à existência de bolsas de apoio à criação literária, "em versão junior e sénior". Estou de acordo. Eu gosto da imagem romântica do escritor que é contabilista durante o dia e que escreve poesia pela noite dentro. E é claro que não se trata apenas de uma questão de gosto, mas de justiça. A escrita é uma opção que cada um faz livremente. Com todas as consequências, boas ou más, que daí possam resultar.
Não acredito em génios que precisam de dinheiro público para criar. Não acredito em escritores que precisam de um cheque para escreverem. Não acredito em escritores camarários. Não acredito em poetas do regime. Não acredito em escritores que preenchem formulários de candidatura para criar um livro de poemas. Não acredito num país que tem que pagar para ter bons escritores. Na maioria dos casos, e estou plenamente consciente do que estou a dizer, estamos a subsidiar livros banais ou sofríveis.
Mas o caso muda de figura se estivermos a falar de criadores que trabalham noutras expressões artísticas? A sua opinião em relação ao financiamento público dos criadores, caro Pacheco Pereira, mantém-se se estivermos a falar de bailarinos, músicos, actores, cineastas?
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