7.10.03

Post Scriptum #30


A seguinte composição é atribuída a Raimont, ou Raimon, Rigaut. Não é de acreditar que se trate de um único poema, quer porque na primeira estrofe se defende uma tese completamente contraditória com a da segunda estrofe, quer porque a métrica é diferente (reproduzi exactamente a métrica do original). Trata-se, mais certamente, de dois fragmentos de trovas diferentes. De qualquer forma, interessante exemplo de poesia trovadoresca, que honraria qualquer Pipi das meias altas.

Manuel Resende



Dama que me der seu amor
Primeiro mo deixe fazer
Depois me dê seu acolher,
Seu acolher e seu honrar,
Seu doce abraço e seu beijar,
Que eu não sou um peco cortês,
Que de amor não sabe os porquês.
Tenha-me por louco quem queira,
Nisto não há melhor maneira.

Nunca por amor da cona
A dama pedi seu amor
Mas por sua fresca cor
E sua boca que almejo.
Que eu tantas conas teria
Quantas as que requeria.
Por isso prefiro eu o beijo
À cona que mata o desejo.

in «Terre des Troubadours», Les Editions de Paris, 1996, p. 30.