Cimbalino Curto #17
A propósito do Cimbalino Curto #16, dedicado às profissões do Porto setencentista com nomes começados pela letra B, recebemos vários pedidos de esclarecimento quanto à natureza e objectivos da profissão de "Boceteiro". Leia-se, por exemplo, as questões extremamente pertinentes colocadas pelo Francisco Costa na caixa de comentários do dito post. O número de mails recebidos justifica então um outro cimbalino curto dedicado exclusivamente a este assunto.
Boceteiro era aquele que fabricava e/ou vendia bocetas, que eram pequenas caixas de papel ou madeira, de forma oval, usadas geralmente para guardar objectos de valor. Ora, uma das bocetas mais famosas é justamente a "Boceta de Pandora": "mal se viu a boceta de Pandora aberta em nosso dano… abriu as penas e se ergueu do mundo" (Filinto Elísio, Versos, Vol. II, p. 161) E, se bem estão recordados, uma das passagens mais célebres do "Amor de Perdição", é aquela em que se pode ler esta belíssima frase de fino recorte camiliano: "Guardou o seu ouro numa boceta, e deu a bolsa ao pai" (Cap. 8, p. 138, se não me falha a memória).
No Brasil, a boceta também designa uma determinada variedade de tangerineira. Mas este é um campo que não domino. Por isso, remeto-vos para os especialistas.
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