Post Scriptum #25
SINOS DEMASIADO PERTO
Manhã após manhã o seu toque devasta
o meu sono, como se fosse vontade de deus castigar aqueles
que à noite não conseguem adormecer
no mundo dele
Ao domingo apressam-se os sinos grandes a ajudar os pequenos
Tocam os crentes para fora das camas,
enfiam-nos a toque nos casacos,
tocam e tocam
Numa segunda-feira na neblina hei-de colher os sinos
como frutos demasiado maduros
e dá-los a comer ao peixe-sino
Não temo pela salvação da minha alma
Secretamente pedirá por mim
o padre. Ele gosta de dormir até tarde.
Reiner Kunze, Poemas, Paisagem Editora, 1984. A tradução é de Luz Videira.
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