6.10.03

Mensagem da Gerência #3

Não vamos mentir. Estamos aqui porque queremos ter leitores. E, felizmente, temos muitos. No entanto, o nosso contador de visitas indica que nos últimos dois dias o Quartzo, Feldspato & Mica recuou das 167.000 visitas diárias para as 165.500. Uma quebra de audiência pouco significativa em termos globais, mas inaceitável do ponto de vista dos nossos patrocinadores. Por isso, e em nome da transparência, declaramos que somos obrigados a socorrer-nos do último dos recursos: A PORNOGRAFIA. Trata-se de uma decisão difícil mas que assumimos sem complexos.
Para começar, evocámos o pior dos pornógrafos: Paul Verlaine.




CENA POPULAR

Quinze anos o aprendiz, feio mas encorpado,
Gentil no trato rude, o rosto meio tisnado,
O olhar vivo, extrai do fato de trabalho,
Pimpão e entesado, o já grosso caralho,
E enfia-o na patroa, uma gorda inda boa,
Mesmo à beira da cama, em delíquio, à toa,
Pernas no ar e seio à mostra, um desacato!
Aperta o moço o rabo, a coberto do fato,
Prà frente, num afã, frequentes passos dá;
Não tem, vê-se, temor de bem s’implantar lá
No fundo, e d’emprenhar a dama, que consente
(O corno do marido é rico, e é inocente!).
Súbito ei-la que grita em grão deslumbramento:
«Oh! Fizeste-me um filho! oh! mais gosto de ti!»
E finda a coisa, diz: «Pois já temos aqui
Os bombons do baptismo!» - e sábia em malas-artes,
Sopesa-lhe, belisca e beija-lhe os tomates.

Paul Verlaine, Hombres e Algumas Mulheres, Assírio & Alvim, 2002. A tradução, excelentíssima, é de Luísa Neto Jorge.